
Coordenado pela professora e pesquisadora Izildinha Miranda, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), o simpósio temático “Projeto INCT NEXUS – Perturbações antrópicas, novas trajetórias florestais e sustentabilidade na Amazônia”, reuniu apresentações de resultados das pesquisas desenvolvidas por membros do NEXUS, projeto que investiga como alterações no uso da terra e eventos climáticos extremos estão modificando a regeneração natural, podendo levar à degradação e até à “secundarização” da floresta, fenômeno que carece de dados empíricos aprofundados.
O professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e vice-coordenador do NEXUS, Marcelo Tabarelli, levou ao simpósio o debate sobre a capacidade que os incêndios florestais tem de reorganizar a composição das árvores, reduzindo a biodiversidade e comprometendo serviços ecossistêmicos, especialmente em territórios tradicionais. Para Tabarelli, é importante defender estratégias de restauração biocultural.
Um desses exemplos foi defendido por Madson Freitas, pesquisador de pós-doutorado do Museu Paraense Emílio Goeldi (Museu Goeldi). Madson, que também compõe a equipe de pesquisadores do Nexus, apontou a bioeconomia como alternativa para manter a floresta em pé, destacando cadeias como a do açaí e do cacau, mas alertando para o risco de superexploração e perda de biodiversidade.
Tema recorrente nos circulos de debate sobre a economia da floresta, a pesquisadora Maria Fabíola Barros (Museu Goeldi) apresentou estudos sobre como o manejo intensivo do açaí no estuário amazônico, tem impactado diretamente na redução da diversidade de espécies e ameaçado a sustentabilidade ecológica do “ouro negro”, como o fruto é conhecido, da região.
Divino Silverio, pesquisador da UFRA e do INCT apresentou os resultados da sua análise sobre as trajetórias de regeneração em áreas afetadas por distúrbios compostos, como fogo e secas severas, mostrando que a repetição desses eventos altera a composição das florestas e favorece espécies generalistas, tornando-as mais vulneráveis a novas perturbações.
O simpósio faz parte da programação do 76º Congresso Nacional de Botânica e do 35º Reunião Nordestina de Botânica promovido pela Sociedade Botânica do Brasil (SBB), nos dias 09 a 16 de agosto. O evento é realizado na Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar), em parceria com a Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e Instituto Federal do Piauí (IFPI). As pesquisas do NEXUS apresentadas durante o encontro reforçam a urgência na integração das ações de manejo que conciliem conservação, recuperação e o modo de vida das comunidades amazônicas.