
Um estudo científico conduzido por equipe de pesquisadores do INCT Nexus, na região de Santarém, revelou como as palmeiras estão se tornando dominantes em áreas florestais perturbadas por atividades humanas e incêndios.
O estudo foi desenvolvido pela discente de mestrado do PPGCA, Tynaira Costa, e co-assinado por Vynicius Oliveira, Maria Fabíola, Fernando Andrade e orientada por Ima Vieira e Marcelo Tabarelli, analisou quatro tipos de habitat diferentes e identificou 10 espécies de palmeiras em um mosaico de diferentes tipos de florestas e áreas de agricultura de corte e queima. O destaque foi a Attalea spectabilis (conhecida como curuá), que mostrou capacidade extraordinária de colonizar áreas perturbadas: 43% de todas as palmeiras em florestas primárias, 89% em florestas em regeneração, 90% em florestas queimadas e 79% em campos de mandioca ativos.
O estudo publicado no jornal Internacional Forests também examinou a inflamabilidade da serrapilheira das palmeiras, revelando uma descoberta preocupante: embora as folhas de curuá produzam chamas com menor temperatura e altura, seu menor teor de carbono e maior conteúdo volátil as torna mais sensíveis à ignição do fogo e propensas a facilitar a propagação de incêndios florestais.
Áreas perturbadas apresentaram um aumento de cinco a dez vezes na quantidade de folhas de curuá, aumentando significativamente o potencial de inflamabilidade das florestas. A conversão de florestas primárias em florestas sociais está promovendo o estabelecimento de florestas dominadas por palmeiras, criando um ciclo potencialmente perigoso onde: 1. A perturbação humana favorece as palmeiras; 2. Palmeiras aumentam a inflamabilidade da floresta; 3. Incêndios facilitam ainda mais a dominância das palmeiras.
A pesquisa, consideram os autores, é fundamental para entender como as atividades humanas estão alterando a composição das florestas amazônicas e criando condições que podem acelerar a degradação florestal através de incêndios. Os resultados têm implicações importantes para políticas de manejo do fogo e prevenção de incêndios florestais, conservação da biodiversidade amazônica e sustentabilidade das comunidades locais
Os pesquisadores alertam que os efeitos dessa transição florestal na resiliência dos ecossistemas e na reprodução social das comunidades ainda precisam ser melhor compreendidos, destacando a necessidade de mais estudos sobre este tema crítico para o futuro da Amazônia.
O artigo completo você encontra na página da Forest.